quarta-feira, 2 de julho de 2014

À REVELIA


Ah, mar... Traiçoeiro, traiçoeiro,
navega-me nas horas imprecisas
e salmourando os olhos e a língua
afoga as vagas tintas da razão.

Com ondas e mais ondas escaldantes
turvando-me a visão, enxergo nada
braçadas são inúteis nessas horas
melhor por-me à deriva, paciente.

Quem dera fosse a brisa, eternamente
beijando à tardinha os meus cabelos
ou mesmo vento morno que, à noitinha,
embala o sono bom, serenamente.

Mas é só esse mar... À revelia
alimentando ânsias e, faminto,
mordisca minha noite, até que um dia
altera luas, acordando o instinto.

À REVELIA - Lena Ferreira - *re.*

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