domingo, 13 de abril de 2014

DESSAS NOITES


É dessas noites que falo, arfante,
quando, em galopes sussurrados,
fundamos vales, montes e colinas
bebendo a sede descoberta em cada curva

É dessas noites em que o suor é quase chuva
e, lavando o cansaço da rotina em linha reta,
desperta as ousadias mais secretas que falo
arfante, coberta por um sol que nunca dorme

É dessas noites em que o desejo é enorme
que falo, arfante, provocando seu instinto adormecido
para que a calma, vez ou outra, perca o juízo
e, sem prejuízo, morra no vão do nosso abraço


DESSAS NOITES – Lena Ferreira – abr.14

quinta-feira, 10 de abril de 2014

QUASE

Traz, na correnteza da memória,
histórias recortadas pela lua
que, quando nua, altera sua rota
e aborta a trajetória antes traçada

E, madrugada, a sós, delira sóis,
respira os nós em gotículas sussurradas
respondendo aos ecos atemporais
em suspiros abissais e ais demais...

...que andavam quase adormecidos,
quase esquecidos em cada vão
de uma das mãos onde habitam segredos
quase escondidos em cada não.

QUASE – Lena Ferreira – abr.14


sábado, 5 de abril de 2014

AZUL


Como quem flutua, caminha lua e, leve, aninha entre os dedos um doce aroma entre lírio e alfazema como que carrega um poema que acorda pelos, pulso e poros.
Decoro as linhas e entrelinhas a passo largo...
O tom amargo se desfaz no mesmo instante em que, vestindo brisa morna, quase vento, entorna a calma tão precisa no momento e nirvaniza todo entorno em lenimento deitando o som dos pés de nuvem no leito azul de um lago manso onde, enfim, descanso.

AZUL – Lena Ferreira – abr.14