quarta-feira, 24 de abril de 2013

TUAS ÁGUAS

Acomodas tempestades e no teu peito
há um vão tenso de onde escorrem vãs palavras
em lavas que inundam o quarto e a sala
e não cala o verbo que eu não quis ouvir

Fala de nós ao vento que passa ao longe
enquanto chamo a brisa para o nosso lado;
ela vem mas logo parte e em desassossego
rego o canto com meu canto de te amar

Não é doce a voz que sai de mim; é trêmula
carregada de um tom acovardado – refreio -

Não soubeste precisar nada além desta imagem
impregnada por detrás dos olhos negros, pequeninos
moles de tanto te ver e ver; tão perto e tão distante

Teu peito é um não imenso; incita tempestades
alargando o canto esquerdo com mais m'águas

TUAS ÁGUAS - Lena Ferreira - abril/13

Nenhum comentário:

Postar um comentário