quarta-feira, 20 de março de 2013

PLANTIO


Era feita de nuvens esparsas e estrelas frias varriam o céu da sua boca. De quando em vez, cuspia em vãos olhares que, ditos vulgares, deitavam-lhe apontamentos. Catava lágrimas em terreno infértil e seco, bebia mágoas em fontes alheias. Erguia muros em torno dos próprios destroços e no seu rosto, o riso não se desfazia. Puro disfarce, sei, pois por dentro jorrava o sangue de letras rotas entorpecendo o pensamento. E quando o vento lhe acenava, imaginava o seu livramento. Mas, ledo engano, sempre colhia a tempestade dessas verdades desinventadas que semeava paulatinamente contra o tempo...

Plantio - Lena Ferreira - março/13

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