terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

NAUFRÁGIO


NAUFRÁGIO
(Lena Ferreira)

Seus olhos
tão negros, tão puros
tão cheios de candura
por um torpe desengano
transformaram-se, distantes,
em duas poças de mágoa.

Seus olhos
já frios, escuros
perderam toda a ternura
transbordaram o oceano
onde eu, pobre navegante
bebi quase toda água.

Seus olhos
tão cheios de esperar
lançavam um olhar tão frágil
para além, além do mar
como a prever meu naufrágio
onde afogar-me-ia
mas o que eu mais quereria
era naufragar no seu olhar.

- releitura de SEUS OLHOS - Gonçalves Dias

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