domingo, 22 de julho de 2012

NA BEIRA DO ABISMO


NA BEIRA DO ABISMO
(Lena Ferreira)

Nesses dias de solidão solícita 
amordaço os gestos delicados
palavras se debatem na parede
onde fatos revelados se desbotam

A língua salivando o meu passado
sorri, em desespero, do presente
um gélido resquício que míngua
pelas tentativas sucessivas e vãs

Voam atritos contritos, conflitos 
voam, letras de sangue e suor
ricocheteando, atingem o quadro
que retratava todo o romantismo

Volto às fotos que me revelam
paisagens, passagens, cinismo
vertendo lágrimas petrificadas
cultivo flores na beira do abismo

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