quarta-feira, 27 de junho de 2012


ARRANJO
(Lena Ferreira)


Eram mudos
os olhares das janelas
sufocados com o ar amendoado
e as vidraças embaçavam a visão
de mais por dentro que por fora
como os pontos da toalha em crochê
mal diposta na mesinha em craquelè


Eram gritantes
os vazios desses cômodos
solitários monólogos a dois
segredando, em ranhuras delicadas
debaixo dos tapetes e almofadas
e por trás da cortina em degradê
de como as coisas poderiam ser



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